Acaba de estrear no serviço de streaming Netflix os primeiros 6 episódios dessa mais nova adaptação de Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco, obra de Masami Kurumada, e a sensação que ficou foi “Ame ou Odeie”. Mesmo você indo assistir de coração aberto, é difícil de não notar todas as mudanças que o anime sofreu [Veja o trailer oficial da trama].

Apesar da violência existente na obra original (que não iremos ver nessa adaptação), criticada por muitos analistas, a história é apaixonante, existe uma profundidade psicológica entre seus personagens, uma empatia com o público, a ponto dos fãs extremos da série querer sempre o melhor para as próximas adaptações, ou que houvesse uma busca pela “repetição” da estória? Mas vamos nos ater aos fatos.

A adaptação sofre por vários motivos e na maioria deles esbarra na nostalgia e nos fãs mais ortodoxos da franquia. Você até percebe que muita coisa da série original está lá, mas também parece que essas mesmas coisas não estão. Vamos dar um exemplo com as versões em português e inglês. Vocês conhecem SIENA? Não? Na versão em inglês trocaram a SAORI por SIENA. Nosso querido YOGA, agora é o congelante CYGNUS MAGNUS (parece que estamos falando do filme GLADIADOR, rsrsrsrsr), SHIRYU agora é LONG (não confunda com Sheng Long) e o grande Cavaleiro de Fênix IKKI virou NERO (lembraram de Roma?).

Shun/Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco/Netflix – Reprodução

Outra modificação (talvez uma das mais significativas) é a mudança de Shun, o cavaleiro de Andrômeda. Mudar o sexo do personagem não seria um pouco demais? Sabemos que na obra original ele era mais sensível justamente para contrastar com a sua outra parte, seu tempestuoso irmão, Ikki. E por mais que, Shun, como mulher, dentro do universo que a Netflix montou tenha dado certo (por incrível que pareça), essa mudança causa outro problema. As cavaleiras (amazonas) não deviam usar máscaras? Shina já começa a estória sem a máscara. O que aconteceu com “tenho que mata-lo ou ama-lo”?

Aioria, Cavaleiro de Ouro de Leão/Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco/Netflix – Reprodução

Outros sites também falam que a obra original é “arrastada”, mas vamos analisar no ponto da emoção. O sacrifício do Seiya de conseguir a sagrada armadura de Pegasus, na obra original, não foi mais pesada? A grande Batalha Galáctica, mesmo não parecendo tão grande, acabaria se tornando mais uma rinha pelas mãos da Netflix? E o ponto alto da batalha? A luta de Seiya e Shiryu, na obra original, não tinha mais carga dramática do que agora? Se você conseguir responder essas perguntas, talvez, tenha um vislumbre das diferenças das obras.

Cavaleiros do Zodíaco – Netflix – Reprodução

Essa primeira temporada (06 episódios) cobre os dois primeiros arcos da obra original. A Guerra Galáctica e Os Cavaleiros Negros. A Netflix junto com a Toei condensou 15 episódios em 06. Enxugando os capítulos, perdemos muito em desenvolvimento de personagem fora que a estória se torna corrida e muito superficial. Outra culpada pela rapidez com que a saga de Seiya e seus amigos é contada na nova adaptação, é o fato de que a produção da Netflix adaptou a história do mangá de Cavaleiros do Zodíaco, e não do anime. A mesma não tem tantos “filers” quanto o anime. Entretanto, a nova versão consegue acelerar ainda mais o ritmo. Por outro lado, algumas partes desnecessárias ficaram de fora como o “odiado” Dócrates.

Dócrates/Os Cavaleiros do Zodíaco/Toei – Reprodução

Falando em vilões, com certeza, eles são o maior ponto fraco em se tratando da estória. Tentar colocar um universo científico com a adição do Vander Guraad em contraste com a mitologia grega (foco principal) atrapalham mais do que ajudam no desenvolvimento da trama.

A estória da Netflix tem uma pegada mais jovem e moderna, tendo uma ambientação mais atual e com tecnologias atuais como o próprio smartphone. É estranho ver cavaleiros enfrentando tanques, aviões e armas de fogo deixando as sequências de ação totalmente sem inspiração e empolgação atrelado ao fato de que a Netflix, para atingir um novo público alvo, deixou a série menos violenta. Porém, nem todas as mudanças são prejudiciais. A troca das armaduras em caixas pesadas para Dog Tags deixam as coisas mais práticas e atuais, por exemplo.

Falando na animação em si, a qualidade é boa mesmo com os personagens apresentarem a estética meio de plástico, mas com bastante fluidez. Já falando dos cenários como a cena que mostra as doze casas do santuário ou mesmo os sete picos da cachoeira de Rozan ficaram magníficos.

Rozan/Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco/Netflix – Reprodução

O fator nostálgico também conta bastante quando ouvirmos as vozes clássicas da animação. Nesses 30 anos de cavaleiros não envelheceram em nada, sendo responsáveis por trazerem a essência dos personagens que amamos e ajudando aos fãs mais antigos de pelo menos darem uma chance a nova obra. Já a mudança para uma linguagem mais atual pode ser notada nos termos usados, que inclui a presença de gírias e até memes, como o “Sabe de nada inocente” ou “Ela está fazendo Cosplay”. Mesmo que muitos critiquem essa prática, aqui é usada de forma bem colocada.

A versão de Pegasus Fantasy cantada pelo nosso querido Edu Falaschi fez falta, mas nada que incomode não. Acima a versão da banda The Struts. Faltou também aquelas músicas de fundo trazendo a carga dramática necessária para a evolução da estória.

  • Veja também a nossa Super Dica Anime da Semana, voltada aos nossos heróis clássicos, Os Cavaleiros do Zodíaco – Saiba Mais.

Essa não é a primeira vez que a Toei tenta uma renovação em “Os Cavaleiros do Zodíaco”. Na verdade, parece ser uma nova tentativa de encontrar a fórmula de rejuvenescer a faixa etária da base de fãs sem perder a essência que conquistou multidões décadas atrás de estórias shonen (animes/mangás para garotos) dos anos 1980. Esse é a encruzilhada em que o Cavaleiros do Zodíaco está preso. Os CDZ Ômega e o movie A Lenda do Santuário falharam em alcançar um público novo e não agradou a quem já é fã.  E nem o Alma de Ouro e nem o medíocre Saintia Shô apagaram esses fracassos só aumentando o descontentamento.  Muito se deve também ao fato da Toei falhar em transmitir a emoção característica do gênero shonen.

A Toei Animation está apostando em um novo público, mas você, velho fã da série, se abrir seu coração e permitir que o Cosmo se eleve, vai aproveitar também esta nova experiência!

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By admin