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Liga da Justiça – Versão do diretor Zack Snyder – (2021) | Crítica

– “O SnyderCut é real!

Tais palavras eram usadas há 3 ou 4 anos para evidenciar, simbolizar a luta, a resistência, ante o assombroso corte promovido por Joss Whedon, à Liga da Justiça (2017). Os fãs foram no mínimo resilientes em acreditar que num belo dia poderíamos assistir a visão pitoresca de Zack Snyder sobre o panteão de heróis da DC Comics. A cada novo dia, esse “apelo” ganhou forças, e muitas insinuações do diretor original, até que, de maneira surpreendente, algo nunca visto, a Warner Bros. comprou a ideia, e fez justiça à história de Snyder. – “E cá estamos“. Confira prévia:

Discorrer sobre a Liga da Justiça – Versão do diretor Zack Snyder – não será uma das tarefas mais fáceis. É necessário traçar comparações com a versão considerada cânone no DCEU; Entender que apesar de “pronto”, o novo corte não está “bem acabado”; E sim, lutar contra o lado “fã”, dando vazão aos conceitos técnicos. Portanto, vamos tentar ser o mais assertivo possível com você, caro leitor, para que compreenda a classificação, a nota que daremos lá no final.

Nem todos os contadores de histórias são felizes no labor, alguns, por serem prolixos demais, burocráticos até; Outros por não conseguirem transmitir os reais sentimentos que cabem no enredo – fracassam vertiginosamente. É necessário acreditar na história contada. É necessário reunir um punhado de caracteres para saber contá-la, fazendo o público apaixonar-se, ou sentirem ódio pelos personagens, pela trama em si – vide os ilustríssimos Machado de Assis, e trazendo para a nossa realidade regional, Ariano Suassuana. E Zack Snyder conseguiu criar o ambiente adequado para a tão deseja Liga da Justiça.

Aqui, os heróis interagem bem, são, de fato, uma equipe. Não simplesmente apoiados na figura “icônica” do Superman (Henry Cavill), mas possuídos por uma sinergia sem precedentes – bem conduzidos pelo Batman, de Ben Affleck. Quase todos os protagonistas funcionam, se não no todo, mas ainda de maneira superior que a versão anterior de Whedon. Podemos citar, por exemplo, os ótimos arcos da Mulher-Maravilha (Gal Gadot), Ciborgue (Ray Fischer), e as boas sacadas de Alfred Pennywoth (Jeremy Irons) em meio aos deuses, é claro, que não podíamos deixar de fora o vilão, agora nada patético, mas uma verdadeira ameaça, o Lobo da Estepe (Ciarán Hinds). Toda essa boa construção, claramente, foi o coração de nossa história. Nesses quesitos, Snyder foi superior.

A montagem, a edição e principalmente a narrativa foram os pontos altos no filme. Obviamente que uma produção de 4h não funcionaria bem nas telonas, o mercado não permitira isso, mas a maioria dos diálogos eram sim necessários, para a imersão do público, para se fazer plausível.

Todavia, também é perceptível que o filme apresenta-se meio “cru”. Em alguns momentos fica a sensação de que uma cena poderia ser bem mais trabalhada no CGI que outra [o que não é a cara de Zack Snyder], ou uma musica perfeitamente se encaixaria noutra cena [o que também não é a cara Hans Zimmer], mas é o que temos para hoje – talvez, e repito, talvez isso denote alguns dos muitos sentimentos por detrás desse corte: a linha tênue, entre ele sempre esteve certo [o diretor] e nós [acionistas, e demais produtores] errados.

No entanto, o novo corte da Liga da Justiça sofreu dos mesmos erros crassos que Zack Snyder empreendera ao DCEU. Ele não consegue ser pontual, conciso, quando é necessário, ele sempre gosta “de causar” – mergulhado numa megalomania sem fim, vide 300 (2006) – buscando paulatinamente os extremos. Em outras palavras, Snyder é conhecido pela coragem mesclada à loucura sob a luz das câmeras, e isso, caros leitores, é quase sinestésico. Vai acertar sempre? Não! E errar? Também não! Isto não é uma fórmula que pode ser franqueada, mas única até.

O filme “Liga da Justiça de Zack Snyder” é uma vitória dos fãs sobre os disparates de quem não conhece os quadrinhos, apenas o dinheiro. O corte cumpre bem com as expectativas criadas pelo público, as premissas estabelecidas naquele universo, preparando para algo maior que talvez, nunca venhamos a ver. O fandom se alegrará com a produção. E apesar de evidenciar os múltiplos erros do Snyderverso, a nova Liga da Justiça abraça os pontos fortes, aquilo que os define, transbordando um sentimento único, presente no material original.

 

Classificação: 

Com aproximadamente 4h de duração, o filme “Liga da Justiça de Zack Snyder” está disponível nas múltiplas plataformas digitais, bem como na HBO max.

Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante (...) Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

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