Espiral: O Legado de Jogos Mortais (2021) | Crítica
A imagem de Tobin Bell (interprete de John Kramer aka Jigsaw) se tornou objeto contemporâneo de martírio. Se antes ela era significava tortura, terror e entretenimento agora é simplesmente denota desgaste, tédio e principalmente repetição.
John Kramer, ou melhor Jigsaw, se tornou ser onipresente. Não um Deus (mesmo que a franquia queira vender isso) e muito menos uma espécie de referência a Rebecca de Hitchcock. Sua presença em tela se deve pela filosofia que suas primeiras aparições significavam e agora existe toda uma mitologia por trás de sua persona para que tente ter alguma justificativa pelo que estamos presenciando na nossa tela.
Quando sua foto aparece na tela em meados da trama ela deveria ser um certificado de qualidade na verdade se torna um atestado de vexame.
A tentativa de fazer um suspense policial com vários recortes psicológicos até seria justificável se a trama não fosse tão cansada de si mesma e todos ali estivessem no seu automático. As atuações são aquilo que pedem que elas sejam; a direção em nenhum momento tenta inova e só repete o que vem na cartilha do que funcionou nos outros filmes; e até o roteiro é preguiçoso e entrega reviravoltas que na verdade são mais de revirar os olhos que de voltar a ter atenção total a trama.
Chris Rock tenta convencer com sua atuação de queixo onde toda a tensão do seu personagem fica na parte inferior da face e interfere em seu modo de falar e na sua postura. Até chega a ser engraçado como Samuel L. Jackson está ali apenas para ser bait de bilheteria e somando seu tempo de atuação não deve nem chegar a 10 minutos em tela.
O desgaste mental que existe em toda a franquia Saw é a prova de como Hollywood não tem medo de espremer até a ultima gota de uma fruta que está visivelmente em estado de petrificação. E quando algo vencido solta muito líquido não quer dizer “mais qualidade” pois líquido podre sempre vai surgir de qualquer organismo que teime em continuar vivo.