Sex Education – 3ª temporada (2021) | Crítica
Tempo. A palavra chave para determinar se uma série foi feliz, caindo no gosto popular, ou se ela fracassará, sendo interrompida pela metade. Há programas planejados para longas temporadas que não vêem a luz do sol, como também existem aqueles que possui assertividade, empatia e carisma com os espectadores, que logo extrapolam o seu próprio tempo. Já outros, funcionam com histórias curtas, encantadoras, quase que cirúrgicas. Diante disso, podemos encaixar “Sex Education”, da Netflix, em qual dessas categorias? Como produto, a série preenche todos requisitos de um programa de sucesso, respeitando a sua própria premissa, rompendo o universo entre o fictício e o real, mas com o tempo contado.
Consecutivamente, o tempo nos ensina, fomenta experiências e forja o nosso caráter. Numa perspectiva simples, cria a maturidade, que em nada tem haver com idade. Em sua terceira temporada, “Sex Education” tornou-se uma série madura, pertinente e evolutiva. Claro, que de certo modo, ainda é ingênua, esperançosa em acreditar que um bando de jovens teria uma perfeita noção de mundo, personificada aqui em Otis, de Asa Butterfield.
Com os últimos acontecimentos em Moordale, a junta de educação da cidade prepara a inserção de uma nova diretora no circuito, Hope (Jemima Kirk). Incumbida de moralizar a escola, ela tentará executar ações atrasadas e nada benéfica ao corpo discente. A showrunner Laura Nunn foi muito feliz em trazer essa perspectiva atual a trama. Notadamente, estamos visualizando um crescimento constrangedor de ideias e partidos ultra-nacionalistas, conservadores que dialogam com posições que não cabem mais nos atuais dias, dado ao processo informacional [aqui, cabe um belo elogio]. E esse embate moldará a temporada.
O programa retorna com 8 episódios e repleto de novidades: Otis está fazendo sexo casual, Eric (Ncuti Gatwa) e Adam (Connor Swindells) assumem seu relacionamento de forma oficial, e Jean (Gillian Anderson) tem um bebê a caminho. Mas a pergunta que não quer calar: Será que Otis finalmente ficará com Maeve (Emma Mackey)?
A série Netflix mantem a sua boa pegada, o seu nível. Dessa vez, fica ainda mais claro que a melhor maneira de entender sobre sexo, é falar, conversar, expor as suas dúvidas, incertezas com um profissional de saúde, ou amigos. Afinal, precisamos normalizar o sexo, pois é uma necessidade fisiológica. Portanto, quanto menos se falar sobre o assunto, mais cairemos em erros, e negar um problema nunca será solução para o mesmo. E nesta premissa, o programa é perfeito: continua combativo as práticas machistas e preconceituosos [Vale destacar que nenhuma produção artística tem obrigação com a verdade, ou de instrução, porém “Sex Education” é um reserva-se a fazer o que o título diz].
Multifacetada, cômica, dramática e diversa, “Sex Education” tem uma narrativa forte, na mesma proporção que é deliciosa de ver e acompanhar. Bem desenvolvida, o programa Netflix é um verdadeiro convite ao entretenimento. Com um elenco secundário importante, de ótima direção, roteiro e demais componentes técnicos, a série é um “primor” em propor discussões reais sobre problemas reais, que vai do bullying à relacionamentos familiares, traumas à sexo. No entanto, claramente ela tem prazo de validade. Portanto, esperamos que respeitem o seu tempo.
Classificação:
A série “Sex Education” é um projeto de Laura Nunn (“Pregnant Pause”, “Radiance”) e as três primeiras temporadas encontram-se no catálogo da Netflix.