Nem toda fala política precisa está alinhada aos meus interesses ou aos seus, caros leitores. No entanto, é necessário que a narrativa seja equânime em todo o discurso, caso contrário será um amontoado de palavras – sem conexão alguma – jogadas aos ventos. A Jaula, a nova produção nacional da Star Original Productions, tenta caoticamente convencer o cinéfilo de seu discurso, mas falha em sua missão vertiginosamente.
Não é necessário dizer que vivemos tempos estranhos, onde as chamadas “verdades absolutas” são questionadas sem qualquer contraponto científico e/ou filosófico, onde muitos desejam a liberdade à qualquer custo, mas ignoram a nossa própria história. A Jaula, da Disney, é inspirada na obra homônima dos argentinos Mariano Cohn e Gastón Duprat, e narra o enclausuramento forçoso de um contumaz bandido em um ambiente hermeticamente fechado quando na prática do crime. Noutra ponta está o famigerado “cidadão de bem” que busca justiça, pelas próprias mãos, do sistema corrupto e falido em que vivemos. Até aí, o filme tenta encaixar-se numa dada esteira do segmento social, porém visita apenas superficialmente o discurso de ruptura e de uma real mudança. O tom do filme não convence.
Tomando mais 90% da tela, o criminoso Djalma, de Chay Suede, não passa de um personagem “pobre” e “mal explorado” na trama. Havia potencial ali. Imagina trazer um homem àquela armadilha [não darei spoiler]? Mas, o roteiro brasileiro de João Candido Zacharias não foi eficiente. Prendeu-se ao todo, ao que dava na vista e esqueceu a multiplicidade das coisas. O médico interpretado por Alexandre Nero é outro personagem vazio. Tudo bem, deveria ser vazio, mas não sem emoções, sem sangue nos olhos submersos em ódio, sem tempo para desenvolver-se.
Com uma fotografia ligeiramente boa, mas com inúmeros problemas noutros quesitos técnicos, A Jaula se perde em sua própria narrativa. A falta de ambição na trama em torná-la num thriller desconcertante, sufocante foi o principal fator para a chamada “desgraça cinematográfica”. A Jaula não empolga, não encanta, não traz um sentimento tenso no ar – que era esperado, que se exigia -. Podemos afirmar categoricamente que o filme da Star não é feliz quanto a propositura das ideias, e as lança literalmente ao chão.
Classificação:
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