Belfast (2021) | Crítica
A busca pela narrativa perfeita é algo que todo cineasta vai encontrar diante de sua carreira. Alguns preferem começar a produzir depois que possuem convicção do que essa “perfeição” significa para si, mas a grande maioria prefere seguir e ter a sorte de encontra-la pelo caminho.
As direções que Belfast tenta seguir narrativamente é algo bastante curioso com Kenneth Branagh parecendo estar em busca de algo novo em sua carreira. E por mais que seja sempre lembrado e associado ao seu cinema teatral (sempre em noções de adaptação, nunca de fidelidade literal), suas obras mais celebradas feitas em cima de textos de Shakespeare sempre tiveram uma necessidade de ir além daquilo que era proposto, mesmo que a sua audiência não esteja tão interessada em buscar inventividade em algo tão tradicional.
Belfast, da Universal Pictures, é um filme de resquícios. Sejam esses resquícios do passado e/ou do cinema. Impossível não assistir esse filme sem fazer associação com O Ídolo Caído, o clássico inglês do cinema noir que definiu o cinema baseado na perspectiva infantil. Não que exista uma reverência direta ao filme do Carol Reed, mas é lógico a comparação direta já que estamos na frente de tantos aspectos semelhantes de ambas as obras.
O outro lado desses resquícios que perseguem o filme se dá pelo fator político que a obra possui. A diferença é que as tensões políticas aqui em nenhum momento parecem ter a seriedade que realmente possuem, que se torna uma qualidade para as escolhas inteligentes de colocar uma criança como ponto central da trama.
Não sei o quanto de biográfico da infância do Branagh tem nesse filme, mas na verdade isso não importa muito. Belfast é um filme bom e bonito, mas assim como toda infância é impessoal e intransferível demais.
Classificação:
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O longa da Universal Pictures Belfast de Kenneth Branagh estreia dia 10 de março, exclusivamente nos cinemas.