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John Byrne – O Gênio Indomável (2021) | Crítica

A indústria dos quadrinhos norte-americana revelou grandes lendas de talentos indescritíveis. Artistas que inovaram, expressaram sua criatividade, revolucionaram a linguagem daquela que ficou conhecida como a Nona Arte. Suas obras resultaram em grande sucesso comercial e repercussão junto ao público, inclusive nos quadrinhos das icônicas editoras rivais, a DC Comics e a Marvel Comics.

Ao longo das décadas, muitos foram os nomes de destaque. Alguns chegaram antes, muitos ainda vieram depois. Mas uma estrela brilhou no firmamento durante os anos 70, 80 e 90. Um nome que ainda comove a velha geração de leitores e desperta grande curiosidade nos novos. Seu nome é Byrne, John Byrne.

Um desenhista britânico, depois, também roteirista, que teve uma das carreiras mais lembradas e celebradas de sua geração. Das mais icônicas e repletas de trabalhos memoráveis. Ainda que suas obras tenham sido lançadas em editoras norte americanas, o artista passou a maior parte do tempo no Canadá, onde vive até hoje.

Foi justamente o talentoso John Byrne, o foco do livro escrito por Rodrigo Talayer, do canal YouTube, John Byrne Comics & More, com o subtítulo que faz justiça ao celebrado artista – O Gênio Indomável (2021). A paixão de Talayer vem de longa data e foi a fagulha para escrever um livro inteiro dedicado ao mestre Byrne. O que o autor fez com muito esmero. Foi preciso buscar recursos através de vaquinha virtual, com o projeto apresentado através do Cartarse para viabilizar a publicação. E os fãs podem celebrar o ambicioso livro.

A carreira do artista britânico é analisada minuciosamente, em suas várias fases, altos e baixos, desde as descobertas dos quadrinhos na infância, as influências de outros artistas, as primeiras oportunidades, a chegada na Marvel, seus grandiosos e clássicos trabalhos, os bastidores, as intrigas e polêmicas, a mudança de ares para a DC, mais projetos impactantes, longos e curtos, a peregrinação entre várias editoras, pelas principais e independentes, os conflitos e decepções, o distanciamento, seus trabalhos mais recentes. Está tudo lá. Tudo o que o fã de Byrne sempre quis saber, mas não tinha a quem perguntar.

Para quem não conhece, Byrne foi responsável por grandes sagas e fases de personagens marcantes tanto na Marvel, quanto na DC Comics, como desenhista e roteirista. Também contribuiu para editoras independentes como a Charlton Comics, Dark Horse e IDW. Algumas das fases são consideradas entre as melhores de seus personagens. Punho de Ferro, a revista do Homem Aranha com outros parceiros, a Marvel Team Up, a Saga da Fênix Negra e Dias de um Futuro Esquecido de X-Men, Tropa Alfa, a longa jornada de Quarteto Fantástico, Capitão América, Vingadores, Vingadores da Costa Oeste, Incrível Hulk, a recriação de Superman, pós Crise, Homem de Ferro, Mulher Hulk, Namor, Wolverine, Mulher Maravilha, Novos Deuses, Gerações e as sagas independentes Omac e Next Men. 

O traço do artista com cenários grandiosos, elevado senso estético, traço limpo e elegante, rico em inovações e criatividade. Até as páginas em branco, com a desculpa de personagens se enfrentando numa nevasca, reflete a genialidade do artista no roteiro. A saga dos X-Men, em parceria com Chris Claremont, leva o grupo mutante a situações extremas e impactantes, a longa fase do Quarteto mergulha o supergrupo na Ficção Científica, resgatando elementos da clássica fase de Stan Lee e Jack Kirby, o mesmo respeito a ciência é incorporado a fase do Superman, sua criação em Tropa Alfa consegue valorizar um grupo menor, com personagens críveis e cativantes, enquanto a fase de Namor é única, numa releitura do personagem em versão empresarial, com a discussão sobre o meio ambiente. Já a Mulher Hulk inova ao incorporar um humor com metalinguagem e a quebra da quarta parede. Muitas de suas histórias resgatam detalhes do passado de seus personagens para recriar ideias de formas inovadoras e inusitadas, tendo como ápice em Gerações e X-Men – Os Anos Perdidos. São fases lembradas com carinho pelos fãs, inclusive este que vos escreve.

O livro de Talayer nos faz reviver cada momento de destaque e revela ainda fases obscuras, pouco conhecidas do artista, ao longo de suas mais de 500 páginas. Dois capítulos são necessários, ao destacar as polêmicas em que Byrne se envolveu e os prêmios conquistados. O livro tem um miolo preto e branco, mas não perde seu impacto ao ser ricamente ilustrado com a replicação de páginas dos quadrinhos, em cenas icônicas e marcantes. Depoimentos de grandes editores de quadrinhos brasileiros e de grandes fãs, inclusive do próprio Talayer somente reforçam a importância de Byrne para a indústria dos quadrinhos norte americano e de seus trabalhos inesquecíveis. Um livro necessário na estante dos fãs de quadrinhos, revelador, nostálgico e vibrante. Imperdível.

Classificação: 5 Patas

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Mas não pense que o livro sobre Byrne esteja disponível em editoras ou livrarias tradicionais. Pela publicação direta, os interessados deverão entrar em contato com o próprio autor, Rodrigo Talayer, se quiser um exemplar dessa obra, através do e-mail rodrigotalayer77@gmail.com. Mais que uma biografia, o livro John Byrne – O Gênio Indomável é o retrato de uma época, de uma linguagem, de uma arte. A arte dos quadrinhos.

As artes se unem para celebrar a grandiosidade da Sétima Arte e representar a vida, a 24 quadros por segundo. Por isso, o cinema é tão relevante para a Cultura Pop. Siga o Instagram @ronilsonaraujocine

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