Diante de uma imensidão de filmes sobre catástrofes quando estamos diante de catástrofes reais (desde a pandemia até a ascensão da extrema direita com um plus do digital sendo arma de ódio), “Ruido Branco” surge dentro de um cenário peculiar e assustador do cinema que a todo momento se divide em ser o que acha que é e o que deseja ser.
Noah Baumbach é conhecido pelo seu envolvimento quase de mentoria no movimento Mumblecore, mas de um tempo pra cá seu cinema parece que se aproveitou do desprendimento descolado dessa turma para se tornar um cronista social. É difícil de dizer quando foi que Baumbach teve essa necessidade de ser um cronista americano, mas é notável como todos seus filmes tinham particularidades que se juntos fazem “Ruído Branco” ser o que ele é.
Em “Ruido Branco” o diretor está mais preocupado em desenvolver uma narrativa que respeite seus personagens. Se tivemos em História de um Casamento um casal sendo exposto a todo momento por uma lente crua (mas com um filtro pastel bem duvidoso), aqui vemos os personagens de Adam Driver e Greta Gerwig sendo envoltos numa redoma de caricatura para que as nossas percepções não sejam tão intensas quanto seus atos as vezes demonstram ser.
Quando entramos nos aspectos cinematográficos, não é justo com o filme as caixinhas de gêneros que tentam enquadra-lo. Entendemos que referências são importantes para entender alguns caminhos, mas nunca devem ser o que vai determinar como chegar lá. Alguns momentos são realmente feitos de escada para “Ruido Branco” chegar onde quer chegar. O mendigo emulando a cena antológica de Peter Finch em Rede de Intrigas até destoa um pouco da trama e nos faz questionar o porquê de tão exagerada.
No apanhado geral, “Ruido Branco” (White Noise é um título muito irônico que infelizmente fica perdido na tradução) é um filme que segue por caminhos seguros achando que vai chegar em algo espetacular. É bem feito, mas falta ganância.
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“Ruído Branco”, um filme de Noah Baumbach estrelado por Adam Driver e Greta Gerwig, estará disponível na Netflix.