Entre as grandes sagas de terror moderno, certamente “Evil Dead” ou simplesmente “A Morte do Demônio” é a mais interessante, pois quando observamos as outras franquias de horror como “A Hora do Pesadelo”, “Sexta Feira 13”, “Halloween” ou “Massacre da Serra Elétrica”, a maioria delas (Ou talvez TODAS elas) tem vários capítulos ruins.
No entanto, isso não acontece com “Evil Dead”, uma vez que agora temos 5 filmes dentro da franquia… E todos eles são, em maior ou menor grau, muito bons. Aliás, os fãs da trilogia original (iniciada por Sam Raimi em 1981) podem dormir tranquilos, pois a nova da produção da Warner Bros. “A Morte do Demônio: A Ascensão” (seguindo o exemplo do fantástico remake/continuação de 2013) é uma pequena joia que vai fazer vc ficar grudado na cadeira do cinema.
O filme é dirigido pelo irlandês Lee Cronin, já conhecido pelos amantes do terror pelo seu filme anterior, o angustiante e sombrio “O Bosque Maldito” (The Hole in The Ground) de 2019. Inclusive, existem muitas similaridades entre as duas produções, mostrando que o jovem diretor tem uma assinatura bem particular a ser observada.
Na trama, Beth (a ótima Lily Sullivan) viaja até Los Angeles para visitar sua irmã, Ellie (a extraordinária Alyssa Sutherland), que mora com os três filhos em um prédio que está prestes a ser demolido. O relacionamento das duas é bem distante e elas procuram para uma reaproximação, principalmente agora que Beth está grávida. No entanto, o reencontro toma um rumo inesperado quando, após um terremoto, elas encontram o ‘Necronomicon Ex Mortis’ ou o ‘Livro dos Mortos’ juntamente com alguns discos de vinil gravados por padres exorcistas em 1923. A partir de então, um dos filhos da Ellie liberta uma entidade demoníaca que possui sua mãe dando início a um verdadeiro mar de sangue.
O roteiro, também escrito pelo diretor, é extremamente hábil em tornar tudo mais urgente e claustrofóbico no novo filme. A ambientação do apartamento funciona da mesma maneira que a cabana na floresta (tão bem utilizada no clássico filme de 81). O filme de 2013 (do excelente Fede Alvarez) também mantém a clássica cabana, ainda que apresente elementos novos a mitologia da saga… Mas aqui, o escopo aumenta a tal ponto que o apartamento se torna uma prisão sangrenta e demoníaca da qual não existe escapatória. Aliás, sangue é o que não falta ao novo Evil Dead, desde já um dos filmes mais sangrentos da história do cinema.
O diretor Lee Cronin mostra um controle quase surreal da narrativa que ele quer contar. O filme tem alguns enquadramentos impecáveis (com destaque pra cena espetacular que passa através do “olho mágico”), uma fotografia extremamente bem pensada com um close constante nas atrizes e um design de som impecável fazem do novo Evil Dead uma evolução dentro da propria franquia.
E além de apresentar referências a própria franquia (que vão desde a clássica câmera avançando em primeira pessoa criada para o filme de 81 ou a obrigatória motosserra da produção de 87 e até a maravilhosa chuva de sangue do fabuloso remake de 2013), o filme também faz referência a grandes clássicos do terror como “O Exorcista (1973)” do Willian Friedkin, “O Iluminado (1980)” do Stanley Kubrick e até mesmo “Poltergeist 3 – O Capitulo Final (1988)” do Gary Sherman, o que torna o filme ainda mais divertido.
O novo filme mostra que a franquia Evil Dead está mais viva do que nunca. Brutal, sangrento e assustador, o filme entrega aquilo que promete e mostra que até um ralador de queijo pode ser usado de uma maneira extremamente perturbadora.
Aliás, eu nunca mais vou ver um ralador de queijo da mesma maneira.
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