Exibido na extinta Manchete, depois em outros canais de televisão e mídias digitais, a série animada “Os Cavaleiros do Zodíaco” teve um papel fundamental na cultura pop brasileira na década de 90: Criar os primeiros pavimentos, talvez os mais fundamentais alicerces, pelos traços orientais. Se hoje há um grupo ou tribo carinhosamente intitulada ‘otaku’ em nosso país, esse sentimento nasceu lá trás pelo sucesso monstruoso daquele ‘desenho’. Dito isto, fazendo compreender a relevância de Saint Seiya para a história dos animes no Brasil, o mínimo que o fandom exigiria de uma produção que carrega essa bendita marca é o respeito, coisa que “Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: O Começo”, da Sony Pictures, não apresentou.

Está claro que uma adaptação não precisa ser semelhante aos quadrinhos, mangás e livros originais, basta extrair a essência, o DNA da obra, pois, sem esse ‘filamento genético’, estaremos diante de um verdadeiro engodo e fatalmente o produto receberá um maior número de críticas do que o esperado. “Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: O Começo” de Tomasz Bagiński é o perfeito exemplo do que não se deve fazer numa adaptação. Tudo é muito genérico aqui, sem vida: A história, o enredo, as atuações, a tecnicidade, a direção. Passa a impressão de que ninguém, absolutamente ninguém, acreditava no longa.

Para deixar mais atual a trama, por exemplo, trouxeram um misto do que foi a criticada adaptação da Netflix e do mangá. Onde, conceitualmente, uma organização tecnológica capaz de meter medo em seres que rasgam os céus com seus punhos? Claro que isso não daria certo! A história em si, parece não encontrar encaixe no universo apresentado. Aliás nada faz muito sentido por lá. O background é raso, beirando o absurdo. Os arcos e subtramas são uma piada de muito mau gosto. Destaco o propósito esdrúxulo da antagonista Guraad (Famke Janssen) e sua abrupta mudança no terceiro arco, ambas pobres e que não traduz muito o anime clássico. Tornando um sonho de criança, num verdadeiro pesadelo sem identidade.

Bagiński parece não compreender o material que tinha nas mãos. Nem das absurdas referências do anime ele se aproveita (temas, golpes, nada…). Portanto, não ache ‘pesado’ quando ouvir alguém dizer que “Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: O Começo” não possui alma; é por que não possui mesmo. E se a intenção era apresentar o novo e resgatar os fãs de outrora, conseguirão o efeito oposto. Nem o elogiadíssimo Mackenyu Arata, no papel de Seiya, foi bem, juntando-se a Sean Bean (“Game of Thrones”) que viveu Alman Kido e Mark Dacascos (“John Wick”), o guarda-costas Mylock.

Com trama, roteiro, atuações e direção pobres, coube a parte técnica outra triste nota. O longa da Sony Pictures não possui ‘estilo’ algum. As lutas, o CGI, o designer de produção, figurino, som, tudo foi muito mal. E se há algo bom nisso, pois, é eu ter saído da sala de cinema sem ter arrancado meus olhos: Ufa!

O filme não merece o título que possui. Confesso que não sou desses fãs xiitas ou extremistas por aí. Sou aberto ao novo. Se você nos acompanha aqui, sabe muito bem como escrevo e talvez até entenda as minhas opiniões. Mas “Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: O Começo” é sim muito ruim, e isso vai muito mais longe do apego emocional que tenho pelo título, mas como cinema, este filme: Falha como produto cinematográfico, como entretenimento e adaptação.

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O Chamado 4 – Samara Ressurge (2023) | Crítica 1

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