O documentário lançado na HBO Max, Nalvany, retrata a vida do advogado e político russo Alexander Nalvany, que ganhou os holofotes a nível mundial por ser ferrenho opositor de Vladimir Putin. Com esse enfoque, além das denúncias graves reveladas, o documentário conquistou o Oscar 2023 em sua categoria, como uma resposta política da Academia quanto a situação da invasão da Rússia na Ucrânia. Mesmo assim, é importante reconhecer as qualidades da produção e da situação denunciada.

A produção revela a rotina cotidiana do candidato Nalvany, seus pensamentos, posições, visão de mundo e fortes opiniões, em especial, quanto aos rumos da Rússia. Como um político moderno, seu palanque é um canal YouTube, com vídeos de milhões de visualizações. Sua linha ideológica o aproxima de políticos como Donald Trump (EUA), Jair Bolsonaro (Brasil) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia), com uma postura nacionalista e conservadora. Em alguns momentos, o documentário demonstra a família polêmica, sem máscara, mesmo em ambiente hospitalar, enquanto outros ao redor portam máscaras, o que sugere a postura polêmica da família de Nalvany, apesar de não haver qualquer menção ao tema nas cenas reveladas. Outro ponto polêmico é a postura simpática de Nalvany com defensores do Nazismo.

Nalvany é retratado como alguém obstinado, bem humorado, irônico. Por vezes, debochado. Muito ligado a sua família, tanto esposa, quanto filhos. Mesmo havendo tanta coisa em risco, Nalvany adota posições polêmicas, em tom desafiador, nos protestos, discursos e vídeos questionadores. E sua voz conquista seguidores volumosos nas terras de Dostoievski, a ponto de incomodar o poderoso Putin.

Nos palanques, Nalvany acusa Putin de se envolver com corrupção, promover perseguições, assassinatos e tramóias ocultas, enquanto se posiciona totalmente contra a guerra com a Ucrânia. O próprio opositor aparenta ter sido envenenado durante sua campanha, forçando a família a organizar vigília no hospital russo e a levar o político a ser atendido fora do país. Os médicos no exterior confirmam o envenenamento. Nalvany contrata uma equipe e passa a fazer uma investigação das atividades ocultas de Putin. Em uma ligação telefônica, no mínimo polêmica, conversa clandestinamente com um alto funcionário do governo Putin e através de engodo, extrai respostas que reforçam a tese das manipulações e perseguições de Putin. 

Em sua postura combativa, Nalvany decide voltar à Rússia com toda a família, mas o avião chega a ser desviado da rota, como uma suposta reação de Putin ao retorno de seu opositor ao país. Em aparições na TV ou em eventos, Putin se recusa a reconhecer seu inimigo, tenta diminuir e menosprezar. O resultado de tudo surpreende ainda mais. Nalvany é preso e o documentário acusa o governo de uma prisão arbitrária, numa sentença absurda de nove anos, em prisão de segurança máxima, por acusação de fraude. O documentário, bem como as matérias de jornais ocidentais afirmam que a prisão do opositor foi arbitrária, assim como os vários opositores são também presos na Rússia. 

Nalvany é um documentário tenso, polêmico, irônico e debochado seguindo a linha de seu retratado. Independente de concordar ou não com as convicções do protagonista, ver essa produção ganhar nova dimensão após as escolhas políticas recentes da Rússia, arbitrárias e questionáveis. Uma perspectiva diferente da versão oficial, longe do discurso que o governo russo deseja transmitir, de um país em que é difícil conseguir mais informações e esclarecimentos para os demais países. Ainda mais, vendo de um território distante como o Brasil. Mas as cenas dos próximos capítulos ainda vão se desenrolar fora das telas e pode decidir o destino tanto da Rússia, quanto da Ucrânia, como dos demais povos. Não há roteiro estabelecido. É apenas a vida real. Só podemos desejar que haja um final feliz pelo bem do mundo inteiro.

 

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Star Wars: Visions – Temporada 2 (2023) | Crítica

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