Citadel – 1ª Temporada (2023) | Crítica
Em mais uma tentativa de emplacar uma série de extremo sucesso, o Prime Video lançou o Thriller de espionagem “Citadel”. A série com apenas 6 episódios teve um custo altíssimo (em torno de 300 milhões de dólares). O custo se produção é compáravel ao de “Os Anéis do Poder”. Muito disso se deve ao elenco com atores e atrizes conhecidos, além das cenas de ação e tecnologias extremas de espionagem de elite, tudo repleto de muita computação gráfica.
Na série, a Citadel é uma agência internacional de espiões, superior a todos as famosas agências secretas como KGB (Rússia), MI-6 (Inglaterra), Mossad (Israel) ou a CIA (Estados Unidos). A agência sofre um grande ataque simultâneo, orquestrado pelo grupo terrorista internacional Mantícora. Todos os agentes da Citadel são comprometidos, aparentemente dando um fim às atividades da organização. Nesta ação, os principais agentes da Citadel, o impetuoso Mason Kane (Richard Madden) e a implacável Nadia Sinh (Priyanka Chopra Jonas) são emboscados durante uma missão, em um trem nos Alpes Italianos. Após o ataque, resultando no descarrilamento do trem em direção a um lago, Mason sobrevive e é resgatado, acorda em um hospital na Itália, mas completamente desmemoriado.
8 anos se passam e Mason agora se chama Kyle Conroy. Kyle está vivendo no interior dos Estados Unidos, numa pequena cidade no Oregon, juntamente com sua esposa Abby e sua filha Hendrix. Abby avisa ao marido que há uma pessoa na casa deles, e quando Kyle o homem se apresenta como Bernard (Stanley Tucci), antigo colega de Mason Kane na Citadel, mas Kyle não o reconhece. Bernard revela a Kyle que ele é um espião de elite internacional, mostrando que a agência Citadel foi derrubada mas alguns ainda haviam sobrevivido.
Apesar de relutante, Kyle e sua família acabam indo junto com Bernard na missão de tentar reestabelecer a agência. Ambos tentam encontrar indícios dos possíveis agentes remanescentes da Citadel. Além disso, eles precisam recuperar uma maleta, contendo um soro com as memórias dos principais agentes secretos, inclusive a do próprio Mason.
A série é produzida pelos aclamados irmãos Anthony e Joe Russo, diretores de “Vingadores: Guerra Infinita (2018)” e “Ultimato (2019)”. Que partem de uma premissa interessante e com um projeto revolucionário. A proposta de fazer um conjunto de séries, produzida em diferentes países, mostrando as histórias das agências Citadel pelo mundo, de fato, é algo bem inovador. A própria série chamou isto de “Spyverse” (“Espiãoverso”, em tradução literal), ao fim do último episódio da temporada.
Contudo, os roteiros assinados por David Weil (da série “Hunters”), Bryan Oh e Melissa Glenn (da série “Zoo”), e Josh Applebaum (“As Tartarugas Ninjas” e “Missão Impossível: Protocolo Fantasma”) não empolgam. O excesso de didatismo pra situar o espectador é cansativo. O episódio piloto, é o que mais sofre com isso. Os diálogos são bastante novelescos em vários momentos. O personagem de Stanley Tucci é utilizado para explicar ao público cada detalhezinho sobre tudo que está acontecendo, através dos diálogos com o colega desmemoriado. Sabemos como é importante situar o espectador para compreender melhor os personagens, a trama. Mas, a descrição exagerada de cada ação se desenvolvendo, como é feito na série, deixa os diálogos muito sintéticos. Isso é um ponto que não permite a conexão com os personagens.
A estrutura da série também é outro fator que não auxilia a criar o clima de tensão que a história pede. A quantidade curta de episódios deixa pouco tempo para o desenvolvimento e a impressão dos episódios serem muito corridos. Porém, até mesmo acontecimentos importantes aparentam ser muito rápidos e consequentemente, as resolução tornam-se muito convenientes.
Uma cena pra exemplificar isto, é quando o Kyle adentra um prédio, controlado pela Mantícora, para recuperar a maleta contendo as memórias dos agentes da Citadel. Por mais que ele já tenha sido um agente secreto, suas memórias passadas estão completamente perdidas, naquele momento. A série não estabelece em momento nenhum que ele ainda possui as habilidades para realizar tal tarefa. Complicado aceitar que uma pessoa comum, que é o caso naquele momento, conseguiria se infiltrar rapidamente numa instalação fortemente protegida por pessoas perigosas e sair ileso, praticamente sem ser percebido.
Outra conveniência está nas conexões entre os personagens. A série parece uma mistura de 007 com Casos de Família, em alguns momentos. Justamente este excesso de conexões, acaba criando os clichês relacionados ao mundo de espiões. Temos os agentes secretos que são filhos dos inimigos da organização para qual trabalham. Um duplo triângulo amoroso envolvendo mocinhos, mocinhas e vilões. Por fim, o plot da agência secreta de proteção que abusa de seu poder para cometer ações moralmente questionáveis. Este, claramente importado de “Capitão América: Soldado Invernal”, filme dirigido pelos irmãos Russo.
Desde o início, a série foi anunciada como o início de um multiverso de espionagem, iniciando uma sequência de séries produzidas em diferentes países. Inclusive, o pós-creditos do episódio final serviu para anunciar “Citadel: Diana”, primeiro spin-off deste multiverso de espiões, com elenco e equipe italiana. Assim sendo, “Citadel” prometeu ser um multiverso grandioso de proporções mundiais. Contudo, a maior parte das cenas é vista em cenários menores com pouquíssimas locações externas.
“Citadel” tenta ganhar o público pela grandiosidade vendida no tamanho de sua produção, mas isto não é retratado em tela. A série parte de uma premissa interessante, mas que a espionagem torna-se apenas um plano de fundo para um intrincado círculo de relações pessoais e familiares. Mais uma série que a ideia é melhor do que o produto entregue.
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