Resistência (2023) | Crítica
O cineasta Gareth Edwards é um verdadeiro amante da metalinguagem em meio ao sci-fi contemporâneo. Em “Rogue One: Uma História Star Wars (2016)”, por exemplo, ele levou a rebelião ao verdadeiro ponto de inflexão dentro das normativas de luta de classes. Já em “Godzilla (2014)”, a imparcialidade estatal ante as alianças “estranhas” com empresas privadas em setores sensíveis de um governo qualquer.
“Resistência”, seu mais novo capítulo produtivo em parceria com 20th Century Studios, Edwards pretende abalar o mundo como os americanos veem, não só do ponto de vista do imperialismo exacerbado com pretensões puramente econômicas [nada de heróis alados, mas sim um embate fascista da luta pelo poder], como a “caça ao terror” do 11 de Setembro – O Ataque as Torres Gêmeas. Ele, praticamente, ressignificará a visão ufanista do “Tio Sam”, mostrando a verdadeira face daquela nação diante do Mundo.
O filme estrelado pelo ótimo John David Washington (“Infiltrado na Klan”; “Tenet”) retrata um mundo distópico, onde uma IA (Inteligência Artificial) “aparentemente” atacou Los Angeles, deixando para trás um saldo milionário de mortos em um ataque nuclear. Como consequência, os EUA caçará a todo custo vestígios, e por que não, países que deram abrigo ao “inimigo”.
Numa dessas empreitadas, o combatente militar de Washington, Joshua – que não por acaso assemelhasse ou confunde-se com o homônimo Jesus – tenta se infiltrar em Nova Ásia para buscar o criador do IA, porém, acaba se apaixonando perdidamente pela jovem e brilhante Maya (Gemma Chan), pondo em risco a sua missão. Nesse interim, Joshua passará a compreender bem mais as máquinas e visão sobre o Mundo.
Edwards conseguiu propor as ações, não só apoiando-se pela capilaridade de informações, como na sutileza do discurso atual sobre a vida pós-moderna. O diretor construiu, enfim, um longa intrigante e reflexivo sobre os vários fatos já apresentados aqui. Porém, esta não foi a vitória de Gareth. O artista distribuiu bem nas mais de 2h de filme, intensidade e paixão pela obra. Porém, ele esqueceu a importância da construção dos personagens satélites e seus respectivos arcos, o que mitigará a classificação final de seu filme.
Os textos do próprio Edwards e de Chris Weitz (“Meu Pai é um Perigo”; “Operação Final”) são interessantes, e até inteligentes [é impossível não observar a semelhança de outras obras orientais, como Akira, de Katsuhiro Otomo, e; Ghost in the Shell, de Masamune Shirow]. Contudo, traduzir tantas informações para o pouco tempo em tela é super arriscado. Afinal, “Resistência” é uma obra que requer uma maior reflexão sobre os temas apresentados.
O longa é assertivo em seu designer de produção e fotografia, porém não é original. Edwards “bebeu” de várias fontes, de clássicos do cinema com essa pegada. O filme também possui ótimos som e edição de som. Porém, o pecado reside na montagem. Alguns cortes passam a impressão que se tinha muito mais coisa a ser apresentada ali, que não foi. E essa falta de conectivos é um problema ligeiramente grave. Mas não deve tirar o brilho de “Resistência”.
Por fim, como entretenimento, “Resistência” funciona. Você não desgrudará da tela hora nenhuma. Como produto artístico de alto nível, tenho as minhas dúvidas, porém ele não deixa de oferecer um produto muito bom ao público. Bem dirigido e escrito, “Resistência” deve alcançar os fãs do gênero e colocar um ‘pulga’ atrás da orelha dos americanos. Como discurso [afinal, toda obra possui o seu] ele é acima da média. Portanto, merece a nossa atenção.
Classificação:
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Além de Washington e Chan, o filme também é estrelado por elenco contém: Danny McBride, Allison Janney, Ken Watanabe, Ralph Ineson e Sturgill Simpson. Chega quinta-feira (28) nos cinemas.
4 Responses
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