Rotting in the Sun (2023) | Crítica

Quando estamos diante de um filme tão pungente como “Rotting In The Sun” é difícil não se sentir vivo. O verdadeiro espírito do cinema pode ser visto ainda pegando fogo em brasa com as produções independentes e que se sentem presas a um sistema que requer padrões estéticos e narrativos. 

O diretor chileno Sebastián Silva vai ao limite do cinema de autor com uma obra que não está muito disposta a entregar de imediato o que realmente é para o telespectador. É cinema queer, com thriller policial que se mistura de forma primorosa com uma espécie de comédia de erros que se torna uma verdadeira bola de neve para situações improváveis.

Se colocando como fio condutor da narrativa, Silva entrega uma versão exageradamente caricata de si mesmo e de todos ao seu redor. Não sabemos o que é real e o que é ficção no que se trata da personalidade de todos ali na frente da câmera, mas sentimos o cheiro da realidade e vivências de cada um ali presente.

A liberdade que o cinema longe dos grandes estúdios proporciona é algo que beira ao assustador quando percebemos que estamos acostumados com um tipo de produção pasteurizada e que segue uma lógica de mercado elitista e conservadora. Nunca que um filme como esse estaria passando nas telas grandes com uma distribuição que fizesse jus a sua potência cinematográfica.

O filme está sendo distribuído pelo serviço de streaming MUBI. O que faz até questionarmos o antigo e cansado debate sobre os limites do cinema com a ascensão do consumo digital em plataformas especializadas. É uma verdadeira contramão entregar para o mundo um filme como esse sem nenhum receio mercadológico por trás.

“Rotting In The Sun” é um verdadeiro exercício de cinema. Não tem como ficar indiferente a o que Sebastián Silva entrega nesse filme que é uma verdadeira montanha russa emocional. Sem dúvidas é uma das melhores experiências audiovisuais do ano.

Classificação:

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O longa encontra-se disponível no Prime Video e MUBI.