Amor à Primeira Vista / Love At First Sight / Netfix
Amor à Primeira Vista / Love At First Sight / Netfix
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Amor à Primeira Vista (2023) | Crítica

Estamos vivendo num mundo onde o realismo está supervalorizado. Somos constantemente bombardeados por informações, dados e notícias que acabam por interferir mesmo em nossa mente criativa. Desta forma somos constantemente pressionados à manter os pés no chão, sermos realistas, factíveis. Contudo, o ser humano tem em sua essência o sonhar, e é preciso nos reconectar a esta base de nossas emoções. Às vezes, é necessário viver o instante sem se preocupar com o futuro, as probabilidades, se perder no que é impossível ou improvável. Precisamos apenas sentir e voltar à essência da humanidade que está nos sonhos, na esperança, no amor. Empenhado neste objetivo o drama “Amor à Primeira Vista” (Título Original: “Love at First Sight”) mostra uma retomada à essência dos filmes de romance, com uma história simples e cativante, belas mensagens e sem muitas explanações e problematizações desnecessárias. Apenas a boa e clássica sonhadora comédia romântica hollywoodiana.

A produção lançada exclusivamente na Netflix mostra a história dos jovens Hadley Sullyvan (Haley Lu Richardson) e Oliver Jones (Ben Hardy) que se conhecem em um aeroporto nos Estados Unidos aguardando sua viagem para Londres. Hadley é uma garota americana desleixada e emotiva que está indo, a contragosto, para o casamento de seu pai com sua futura madrasta. Ao perder o horário e ter que aguardar o próximo vôo, ela acaba conhecendo o metódico estatístico britânico Oliver.

Eles rapidamente se conectam e passam todo o tempo juntos no aeroporto e durante o vôo. Porém, ao chegarem em seu destino, se separam para seguirem para os seus respectivos compromissos, que aconteceriam quase que simultaneamente, em diferentes e distantes locais na cidade. Mas, sentindo a conexão aflorada entre ambos, cabe a cada um deles, tomarem as decisões que lhe farão se reencontrar ou permanecer na dúvida eterna sobre se teriam dado certo.

O filme, que é uma adaptação do romance “A Probabilidade Estatística do Amor Á Primeira Vista” escrito por Jennifer E. Smith, retrata bem como este encontro despretensioso acaba unindo duas pessoas de diferentes realidades e expectativas. Devido ao fato do próprio personagem ser um estatístico, bastante analítico e cético, a situação em que ele se encontra é praticamente um desafio à seu percepção de mundo e sua lógica através das probabilidades. A improbabilidade de se ver apaixonado por uma pessoa, de forma tão avassaladora e através de poucos olhares, o faz questionar a situação em certos momentos e isto aumenta ainda mais as expectativas do publico, apesar de sabermos que eles devem ter um final feliz, já que o filme não é roteirizado por George R.R. Martin.

É interessante observar que geralmente, em filmes deste gênero, as personagens possuem ideias levemente opostas em relação a paixão, ao amor, ou são completamente opostos. Contudo, apesar de ser uma pessoa mais emotiva, em contraponto ao comportamento mais cético de Oliver, a Hadley também possui dilemas que não a fazem crer no amor à primeira vista, mais ainda, que não a impulsionam a ser alguém que se apaixonaria rapidamente por um estranho. O fato da jovem ter vivenciado a separação de seu pai e sua mãe, e ao longo do filme vemos o quanto inicialmente ela se demonstra combativa e contrária ao segundo casamento de seu pai, claramente a tornam tão cética a uma paixão avassaladora.

Mas, um elemento tão interessante no filme quanto o próprio romance entre Oliver e Hadley, é a presença da atriz Jameela Jamil, da série “The Good Place” e mais recentemente como a “vilã” Titânia na série “Mulher-Hulk”. Inicialmente ela participa apenas como narradora da história, contudo, logo a vemos como comissária de bordo, funcionária da imigração, motorista de ônibus. Ou seja, mais do que uma simples personagem, ela interage com o casal principal e interfere diretamente na história deles fazendo às vezes de um cupido.

Este fator de fantasia no filme traz uma grande leveza e inocência ao filme, que pra completar, ainda se passa no período natalino. Assim sendo, “Amor à Primeira Vista” resgata um pouco o clima das comédias românticas dos anos 90, focando numa história de amor inocente e leve, sem excesso de problematização social, étnica ou religiosa, nem o apelo de cenas calientes para atrair os fãs das sagas “50 Tons de Cinza” e “365 dias“. Apenas uma história simples, romântica e suave. Recomendável, inclusive, para assistir em família, com aquela filha pré-adolescente sonhadora que faz “oowwwn!” toda vez que os pais se beijam. Ou ainda, para trazer de volta este sentimento de leveza e romantismo à quem já viveu tantos relacionamentos e às vezes está desacreditado no amor.

Mesmo com certa previsibilidade de uma comédia romântica, “Amor à Primeira Vista” prioriza a beleza e simplicidade de uma história de amor em sua essência. Seja nos elementos fantasiosos, na sinceridade transmitida no texto, pelo “fofura” do casal principal, ou pelo clima natalino, o filme resgata o sentimento de que o amor vence as probabilidades e reitera que não existe precisão e exatidão no que faz as pessoas se amarem. É realmente algo extraordinário, fantástico e inexplicável.

Classificação:

Leia também, outras críticas nossas:

O filme Amor à Primeira Vista está disponível exclusivamente na Netflix.

p.s.: Mensagem à minha esposa: Te amo demais!

Marido, Pai, Químico, Músico, Ex-Jogador de Futebol Americano e Fã de HQs, Séries e Minisséries de todos os tipos, Realities de Sobrevivência, Games clássicos, Animes e Mangás... Mas sobretudo, Cinéfilo desde pequeno!

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