Toda a percepção da expectativa sempre é feita de quem vai receber algo e acaba que o lado que vai entregar acaba se tornando imune disso numa visão bem grosseira. Com a democratização (ou seria demonização?) da comunicação e o excesso de opiniões, é comum que os estúdios se deixem levar por isso para definir o caminho dos seus projetos, mas será que isso sempre vai resultar em algo positivo?
O novo filme da Netflix, A Voz Suprema do Blues, já nasce com o triste peso de ser o ultimo filme gravado pelo Chadwick Boseman (Pantera Negra) e essa expectativa acaba sendo visível pelas escolhas que a direção toma para seguir a narrativa.
Fica claro que estamos diante de uma adaptação teatral pela forma que os personagens se comportam em cena. A transição da quarta parede imóvel do teatro para a fluida que a câmera proporciona no cinema pode ser bem ou mal executada dependendo de quem tá no comando, mas o caso aqui é de algo eficiente que está mais preocupado com os corpos em cena que com os cenários.
O conflito, no entanto, está no que a história realmente quer contar e quem realmente é o fio condutor da narrativa. Ma Rainey (interpretada por um camaleão chamado Viola Davis) e Levee (Boseman) batalham pelo protagonismo do filme, mas de forma totalmente injusta. Se por um lado a cantora domina todas as cenas que aparece e permeia feito uma entidade todas as cenas que não está presente, do outro temos o trompetista com mais tempo de tela com uma falta de requinte em suas aparições em tela.
O que parece que temos aqui é um filme que foi totalmente remodelado para que o personagem interpretado por Boseman fosse o protagonista, todavia, mais da metade de seu tempo não tem muita coesão com a narrativa e parece um filme totalmente diferente do que o título e os outros personagens propõem.

Uma pena que a produção foi contaminada por forças externas, o material mais acabado do filme tem um potencial forte e poderíamos estar diante de um bom filme do gênero. Mas o longa, A Voz Suprema do Blues não resisti, e termina por ‘manchar’ a última chance Boseman frente às câmeras.
Classificação:
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O filme A Voz Suprema do Blues encontra-se na Netflix.
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